Obrigado pelo apoio dos meus queridos colegas e amigos do curso de letras.
Ass: P.H.
A camisa
Despertei.
Minha visão estava
embaçada e os raios de sol iluminavam o quarto. Vestido com uma camisa
extremamente macia, e a qual não me pertencia, sentia um agradável e suave
cheiro exalar do tecido, que atraído inspirei. Sentado na cama, ouvi uma
respiração quase inaudível, virei para o lado, então pude fitar o rosto tão
sereno do meu amado.
Acordei-o com um beijo e ele me correspondeu com um
sorriso. Levantei para abrir a cortina, logo depois ele se levantou, e antes
que pudesse tocar na cortina, beijou meu pescoço envolvendo-me em seus braços
como nunca fizera antes, fechei meus olhos e permaneci ali por alguns minutos.
Segurou minhas mãos até descermos as escadas e sentarmos para o café, disse que
teríamos muito que fazer naquele dia e para não me preocupar, porque prepararia
o café da manhã. O encarei com um sorriso irônico e um olhar intrigado, afinal
cozinhar não era sua especialidade, mas para minha surpresa tudo estava tão bom,
que dessa vez não tive que refazer nada.
Deixamos a louça para depois e fomos para sala, onde os
raios de sol daquela manhã invadiam, ele de prontidão sentou-se para tocar o
piano vertical que estava todo empoeirado. Cantarolou minha canção preferida e
começou a tocar. Ele nunca tocara, mas disse que faria isso por mim, porque
sabe que eu amo música, sentei-me no sofá para admirar-lo e até arrisquei
acompanhá-lo cantando.
Na tarde ensolarada daquele mesmo dia, mais uma vez ele me surpreendeu,
e desta vez disse que íamos visitar a família dele, fiquei receoso, entretanto ele
estava tão seguro que não vi o porquê não concordar em ir. Nos arrumamos
depressa e entramos no carro, quando eu lembrava que íamos a casa dos pais dele
um fio de medo me percorria o corpo, mas aquele casamento perfeito entre o
olhar terno e o sorriso apaixonante no rosto dele me impediu de sentir qualquer
outra coisa além de estar feliz por estar ali.
Nós chegamos. Na porta da casa quem nos recebeu foi a mãe
dele, finalmente a conheci pessoalmente, ela tem um sorriso quase tão lindo
quanto o do filho dela, nos entendemos muito bem. Depois conheci seu pai, que
estava com uma expressão um pouco séria, porém me recebeu cordialmente. Então fui
apresentado também aos irmãos, tios e até o cachorro. Me senti aceito, como
nunca havia me sentido.
Ao sair de lá, ele segurou minha mão e me convidou para um
passeio, encontramos alguns amigos dele os quais me apresentou com muito animo,
continuando nosso passeio, paramos em um banco e conversamos sobre assuntos que
nunca havíamos discutido como planos para nós, meus sonhos e minha família.
O tempo passou rápido e sol já se punha, eu não pude evitar
dizer que o amava depois de tantas atitudes como aquelas, eu o beijei sem medo,
sem medo de julgamentos, pois naquele momento éramos nós em um mundo
gigantesco.
Voltando para a casa as nuvens escuras anunciavam chuva,
ele estava pensativo, mas não largou minha mão durante todo o caminho. Ao
chegarmos ele entrou sem dizer nada, liguei as luzes que estavam um pouco
fracas, eu estava feliz mesmo em meio aquele clima soturno. Resolvi prepara o
jantar, servi a comida, ele comeu rapidamente e não disse nada, como sempre.
Sentamos no sofá, perguntei se poderíamos ir à casa dos
meus pais no dia seguinte, olhando para TV ele disse: “tudo bem”. Sentei próximo ao piano e apertei algumas
teclas na esperança de chamar a atenção, entretanto o seu olhar ainda estava fixo
na televisão, então resolvi cantarolar a minha musica preferida, mas acho que
ele não deve ter escutado, como sempre.
Estava chovendo muito forte, relampejava e fazia frio, fui
para o quarto e vesti aquela camisa que não me pertencia, deitei sem consegui
dormir, apenas assistindo a chuva pela janela. Depois de um forte relâmpago
ficamos sem energia elétrica, escutei seus passos subindo a escada, um fleche
de luz surgiu no quarto, ele procurava algo.
Senti ele se sentar ao meu lado, virei para observar o que
ele fazia, ele abriu o notebook e por alguns minutos parecia digitar algo, me
aproximei mais um pouco dele, mas ele se afastou para que eu não pudesse ver o
que estava fazendo, como sempre. Sua expressão estava séria, tentei abraçá-lo, e
ele se esquivou, tentei novamente, ele não conseguiu se esquivar, então o
abracei forte, mas senti como estivesse perdendo-o, fechei meus olhos e de
repente nada mais senti.
Despertei.
Lindo. Gostei do suspense.
ResponderExcluirlindo demais!
ResponderExcluirMeu coração está doendo...
ResponderExcluir:(
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